Rastreio Nacional da Voz Artística arranca com casa cheia em Vila Real

Emanuel, Paulo Vaz de Carvalho, Miguel Guedes ou Sérgio Agostinho foram alguns dos artistas que esta quarta-feira passaram pelo Centro de Saúde de Mateus no início do rastreio que GDA irá promover em todos os distritos e regiões autónomas. O secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, esteve presente e saudou a iniciativa.

Cantores e atores juntaram-se a professores e até jornalistas para participarem no primeiro Rastreio Nacional da Voz Artística, promovido pela GDA – Gestão dos Direitos dos Artistas em parceria com o Ministério da Saúde e com o Hospital Egas Moniz. O arranque foi esta quarta-feira em Vila Real e vai percorrer todas as capitais de distrito e regiões autónomas até 2018. Vila Real e Bragança são os primeiros distritos fora de Lisboa a receber uma operação que é dirigida a quem usa a voz como instrumento de trabalho – mas que também é aberta a toda a população.

“Está a cumprir-se com sucesso assinalável a primeira etapa desta ambição antiga da GDA: levar o rastreio da voz aos artistas residentes fora da áreas de Lisboa e Porto”, disse Luís Sampaio, vice-presidente da GDA, em Trás-os-Montes. “A extensão desta possibilidade à população possibilitou aos médicos locais encaminhar os seus casos mais prementes para obter opinião de um especialista, a Dr.ª Clara Capucho, o que se traduz numa grande mais-valia para os pacientes em causa”, afirmou.

“O objetivo é fazer um despiste nacional de voz, ver como está a saúde vocal dos portugueses. É a primeira vez que se faz um levantamento assim”, afirmou Clara Capucho, cirurgiã otorrinolaringologista que colabora há anos com a GDA e que é a responsável clínica pelo rastreio. Clara Capucho começa por fazer um questionário sobre as queixas dos utentes e a utilização da voz em termos profissionais e, depois, faz uma laringoscopia para visualizar as cordas vocais e ver se há lesões.

Miguel Guedes, dirigente da GDA e vocalista dos Blind Zero, foi ao rastreio a Vila Real e defendeu que os artistas que usam a voz como instrumentos de trabalho devem ter uma “atitude pró-ativa e antecipatória”. “Os cuidados com a voz, assim como os cuidados de saúde gerais, são fundamentais e, para a classe artística, então, são vitais”, afirmou.

Sérgio Agostinho, ator da companhia de teatro Peripécia, destacou por seu lado a oportunidade de ser “consultado em Vila Real por uma especialista que tem experiência em observar e tratar profissionais da voz”. Também o cantor Emanuel – que já é acompanhado há muitos anos por Clara Capucho – compareceu ao rastreio no centro de saúde de Vila Real, distrito onde tem as suas origens.

O músico fez questão de vir a Trás-os-Montes para “sensibilizar as pessoas” e alertar para que a “voz é uma parte do corpo fundamental” e com a qual é preciso “ter muitos cuidados”. No seu caso, exemplificou, bebe “pelo menos litro e meio de água por dia”, sendo que a primeira coisa que faz ao acordar é “beber dois copos de água norma”. Emanuel sublinhou o “trabalho missionário de Clara Capucho” e referiu que a médica “tem feito muito por esta área da medicina” em Portugal.

“A GDA e a Fundação GDA são orientadas para a melhoria das condições de trabalho e para o bem-estar dos artistas, desde logo através da distribuição de direitos pela utilização das suas obras”, afirmou Luís Sampaio. “Mas também tem a componente cultural e social, em que se inscreve o Rastreio Nacional da Voz, o apoio médico e jurídico, os apoios à criação e os prémios anuais: tudo isto faz da Fundação GDA quase um mini-ministério da Cultura, com orçamento e com políticas próprias deliberadas democraticamente pelos próprios artistas”.

O Ministério da Saúde associou-se à iniciativa, tendo o secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, estado presente no lançamento do rastreio no Centro de Saúde de Mateus. “Tenho muito gosto em estar aqui hoje porque é o início de um processo de descentralização que vai durar mais de um ano”, afirmou Manuel Delgado.

Luís Sampaio saudou por seu lado o empenho do secretário de Estado, da ARS Norte e da Administração do Centro Hospitalar Lisboa Oriental – Hospital Egas Moniz, que estão a ajudar a GDA a levar o rastreio da voz a todo o país. “Quero também dar uma palavra de apreço para os artistas locais, que nos ajudaram a divulgar o rastreio e a sensibilizar os colegas e a população em geral para a sua realização”. A concluir, o vice-presidente da GDA endereçou os seus “agradecimentos à equipa do Centro de Saúde de Mateus, em Vila Real, cuja simpatia e profissionalismo tornaram esta ação num evento tão útil como agradável de executar”.

Fonte: DN/Lusa/GDA